Estou
próximo a alcançar a idade de minha aposentadoria. Confesso que tenho pensado
em como irei desfrutar dessa nova vida. Não que eu tenha medo da ociosidade e
da consequente depressão, doença que acomete a tantos outros. Não me passa pela
mente sair viajando completamente seduzido pelos cartões postais do turismo de
mercado e esbanjando dinheiro que não possuo.
Também
não penso em cair na esbórnia e andar com moçoilas a provar que sou o tal. O
meu tempo é outro. Talvez volte ao sertão, more na casa em que nasci e que
pertenceu aos meus pais, avós e bisavós. Cabe uma reforma na casa sem, contudo,
alterar sua originalidade. Luz, a mais natural possível, com telhas de vidro.
Pretendo
introduzir um fogão que funcione à base de energia solar e usarei o
convencional, ou o fogão à lenha somente em caso de necessidade. Levarei um
computador ligado à internet e muitos livros que, provavelmente, não serão
todos lidos. Não posso me descuidar da prática das caminhadas e de uma
alimentação à base de frutas e verduras. À tardinha, como faziam meus pais e
também meus avós - irei colocar cadeiras na calçada e receber os velhos amigos
e compadres para uma boa palestra, em que saberei mais ouvir do que falar. Não
posso negar que carrego um sonho simples a construir.
Penso
em plantar árvores nativas pelas terras desnudas da caatinga. Quero começar
pelas margens dos pequenos riachos e nas encostas dos morros com mudas de
juazeiro, pau-branco, pau d'arco, algarobas, tamarindo, mangueiras, cajueiros
etc. Tudo de acordo com a região. Assim, quem sabe, se preserve os pássaros
desse microecossistema. Bom, com o exemplo, criarei uma central de mudas de
árvores que beneficiará, de forma gratuita, toda e qualquer pessoa que queira
adotar esse objetivo. Será a minha parcela mínima
de contribuição contra os gases poluentes que põem em risco a vida no planeta.
Com essa atitude simples, quero dignificar a vida e ser conhecido como um homem
justo, que esteve à altura do seu tempo.